quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Chimarrão


Amargo doce que eu sorvo
Num beijo em lábios de prata.
Tens o perfume da mata
Molhada pelo sereno.
E a cuia, seio moreno,
Que passa de mão em mão
Traduz, no meu chimarrão,
Em sua simplicidade,
A velha hospitalidade
Da gente do meu rincão.


Trazes à minha lembrança,
Neste teu sabor selvagem,
A mística beberagem,
Do feiticeiro charrua,
E o perfil da lança nua,
Encravada na coxilha,
Apontando firme a trilha,
Por onde rolou a história,
Empoeirada de glórias,
De tradição farroupilha.


Em teus últimos arrancos,
Ao ronco do teu findar,
Ouço um potro a corcovear,
Na imensidão deste pampa,
E em minha mente se estampa,
Reboando nos confins ,
A voz febril dos clarins,
Repinicando: "Avançar"!
E então eu fico a pensar,
Apertando o lábio, assim,
Que o amargo está no fim,
E a seiva forte que eu sinto,
É o sangue de trinta e cinco,
Que volta verde pra mim.



Autor: Glaucus Saraiva

4 comentários:

ELIANA-Coisas Boas da Vida disse...

Uau que bela homenagem ao chimarrão gostei muito!
Acho um pouco amargo mas se a erva for boa tomo uns goles!

Débora disse...

Orgulho em ser gaúcha, mesmo que vc seja só de coração! ;) bjs

Juliana disse...

Tá com saudade do sul Sandra? Eu sou viciada em chimarrão - meu dia só começa depois de pelo menos três cuias, acordo mais cedo só pra dar tempo de tomar o mate antes de ir trabalhar! é bom demais! Beijos, Ju

Danieli disse...

Mazáááá tchê! Hehehehe
Li o poema tomando um chimarrão hehehe muito bonito!
E viva a gauchada!
Beijos

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