segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

A Heróica Pesca do Bacalhau


A pesca do bacalhau, mais do que um trabalho, era um ato de heroísmo!

Até 1974, navios portugueses partiam em abril para uma missão heroica
até outubro nas águas frias da costa da Noruega e da Groelândia.
 
Cada navio levava entre 40 a 60 barquinhos de 5 metros, chamados Dóris.
Eles podiam transportar quase 1 tonelada de peixe cada um e como se encaixavam
uns nos outros, tornavam mais fácil a arrumação no navio.


Chegando nos locais de pesca, os pescadores nos dóris se afastavam a remo do navio e depois, com a  ajuda de pequenas velas, partiam para a pesca. Chegavam a se afastar até 30 Km dos navios.

Eles partiam às 4 da manhã e cada um recebia um balde de iscas e uma bússola.
Pescavam sozinhos e com grandes riscos, porque naquela região fria eram comuns as tempestades, nevoeiros e icebergues.

Quase mil anzois eram presos a um linha que chegava a ter 1,5 Km. Pescar assim só era possível
porque o bacalhau depois de fisgado não luta e fica esperando quieto ser içado para o barco.

A cada 2 horas as linhas eram recolhidas e se os peixes fossem suficientes eles voltavam ao navio, partindo depois para uma segunda pesca. Para comer eles levavam apenas azeitonas e um pão com bacalhau.

Trabalhavam 20 horas por dia e raramente ficavam fora por mais de 4 horas de cada vez.
No fim do dia o navio apitava ou, no caso de haver neblina, dava um toque de sirene e todos regressavam.


Os dóris eram então descarregados, içados, limpos e empilhados para o dia seguinte.

Enquanto o navio não estivesse totalmente carregado eles não voltavam a Portugal.

Quando a captura era suficientemente grande, os pescadores ajudavam a tripulação
que ficara a bordo a preparar o peixe, antes de jantarem e irem para as camas beliches.
A etapa final era a de salgar o bacalhau e armazená-lo nos porões.



Banho não havia. Eles trocavam de roupa uma vez por mês e a roupa de baixo, uma vez por semana.
Ao fim do dia o cozinheiro lhes dava 1 litro de água doce para se lavarem, já que a água era ultra racionada.


Se houvesse nevoeiro, era estendido um cabo de 2.000 metros, suspenso em bóias para que fosse mais fácil encontrar o navio. Mas mesmo assim não era incomum um pescador se perder e ser deixado para trás.

Finalmente, o bacalhau era secado ao sol. Já os os homens iam pescar sardinhas nos outros 6 meses do ano.

Um comentário:

Anônimo disse...

Que sensação incrível de nostalgia trouxe essa última foto!

Bela postagem!

Um beijo grande!

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